ESPIRITISMO E ARTE

“O Espiritismo irá depurar a arte que conhecemos e esta arte, depurada, será aquela inspirada nos ensinamentos da Doutrina Espírita”. (Espírito Rossini em Obras Póstumas)

XV FÓRUM NACIONAL DE ARTE ESPIRITA

Um instrumento de paz!…

Francisco de Assis, no início da oração a ele atribuída, dirige-se ao Senhor para expressar seu desejo de ser sujeito ativo na obra da criação. Faze de mim um instrumento de tua Paz, pede o poverello, como se fosse um eco da pergunta feita, onze séculos antes, por Saulo, no meio do deserto, a caminho de Damasco. O despertar da consciência fez Giovanni Pietro di Bernardone abandonar os interesses puramente materiais para transmudar-se em Francisco, agente do Amor, visando ao bem dos seus irmãos e alimentando o seu coração com a mensagem rediviva do Cristo. É o aflorar da plenitude do Ser, que ajustou seu lado racional, em busca da Verdade, com o emocional, de contemplar o Belo na natureza, para a consequente incorporação de nobres valores em seus hábitos diários, por meio da vivência da Bondade. Caminho natural de todo espírito na grande epopeia da Vida que é a evolução. Inspirado nesse personagem importante do Cristianismo, e ambientado num local que, pela natureza exuberante, evoca as belezas do Criador, o XV Fórum Nacional de Arte Espírita, realizado neste feriadão de Corpus Christi, em Curitiba, proporcionou momentos de profunda espiritualidade e conscientização sobre o papel do artista espírita na construção de um mundo melhor. Foi um encontro de almas que buscam na arte um caminho para a própria redenção. Um encontro sagrado e singular de cada um consigo mesmo. Um convite pessoal e intransferível para se redescobrir o compromisso assumido com o Cristo e o real papel de cada um de nós na edificação do Reino de Deus entre os homens. Nossa gratidão especial a Deus, a Jesus, a Francisco de Assis, a Lins de Vasconcelos e à plêiade de Espíritos superiores, mais uma vez parceiros no trabalho com os encarnados, incentivando-nos ao labor da grande renovação planetária por meio das nobres inspirações em nossas criações artísticas. Nossos agradecimentos também à diretoria, ao conselho doutrinário da Abrarte e à comissão organizadora local, pelo empenho e dedicação para a viabilização do evento, mesmo diante das dificuldades que o país vivia nos dias que antecederam o evento. E aos trabalhadores da arte espírita de todo o país, por acreditarem nesse grande ideal e pelo amor que trouxeram a mais um grande Fórum da Abrarte.

Curitiba volta a receber artistas espíritas em mais um Fórum da Abrarte

Treze anos depois de abrigar a segunda edição do evento, em 2005, a capital do Paraná, Curitiba, voltou a sediar o Fórum Nacional de Arte Espírita, agora em sua décima quinta edição. Foi no último final de semana, entre os dias 31 de maio e 2 de junho, oportunidade em que se reuniram 132 trabalhadores da arte espírita de 14 unidades federativas do Brasil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Maranhão, Piauí, Pará e Amapá) e também do Canadá. Somando-se os artistas e membros da comissão organizadora local, o evento contou com 177 participantes. O Fórum ocorreu no belíssimo Recanto Lins de Vasconcelos, centro de treinamento da Federação Espírita do Paraná (FEP), em Balsa Nova, na região metropolitana da capital, onde os participantes ficaram alojados, numa jornada de integração, seminários, oficinas, palestras e apresentações artísticas.

A programação contemplou debates em áreas ligadas a música, teatro, dança, literatura, audiovisual, evangelização, entre outros. O evento teve ainda o Forunzinho, que reuniu crianças filhas de participantes e trabalhadores. E para completar, assim como nas edições anteriores, a Lojinha do Fórum foi a oportunidade para os artistas espíritas exporem e comercializarem seus produtos. A abertura do Fórum, realizada na tarde de quinta-feira (31 de maio), contou com a participação do grupo Bônus Hora, formado por vários músicos locais que se reuniram especialmente para esse momento, e da banda Alma Sonora, um dos mais antigos grupos artísticos espíritas do Paraná. Em meio às músicas interpretadas, foram apresentadas as caravanas dos Estados presentes ao encontro, agrupadas por região. Representantes do Norte/Nordeste, do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul falaram em nome das respectivas delegações. Após o intervalo para o jantar, já à noite, os forenses foram divididos no primeiro momento das Salas de Compartilhamento. O objetivo desta atividade foi promover estudos por linguagens artísticas, porém, não no modelo de seminário e sim de troca de experiências, vivências, incentivando os participantes a darem sua contribuição. Eneida Nalini (SP) coordenou a sala de dança; Júnior Vidal (ES) e Thiago Brito (RJ) conduziram a de música; e Sissy Eiko (SP) e Andréa Leão (SP) a de audiovisual.

O verdadeiro, o belo e o bom

Na sexta-feira (1º/6) pela manhã, o escritor, palestrante e filosófo Cosme Massi abriu a programação com oportunas reflexões sobre a arte no contexto da filosofia. Segundo o conferencista, o verdadeiro (razão), o belo (contemplação) e o bom (ação comportamental) são as três dimensões da alma humana, que apesar de se expressarem distintamente, são interligadas e interdependentes, constituindo o ser integral. Após a exposição, os participantes puderam assistir à entrega da Moção de Reconhecimento ao Grupo Arte Nascente (GAN), de Goiânia, e a Marize Azeredo, de Belém (ver matéria na sequência). Fechando a parte da manhã, nova rodada de Sala de Compartilhamentos, agora tratando dos temas teatro, com Marcelo Aquino (RN) e Rogério Silva (SC); poesia, com Glaucio Cardoso (RJ), Nina Lisboa (RJ) e Ivone Feitosa (PI); e artes visuais, com Ana Rita (GO). Também houve, neste momento, um aprofundamento do tema exposto por Cosme Massi em sala com os interessados. Na parte da tarde, os forenses dividiram-se em diversos seminários de linguagens artísticas: Thiago Brito (RJ) falou do potencial da arte como ferramenta estratégica; Márcia Albuquerque (RS) apresentou a experiência da Federação Espírita do Rio Grande do Sul na formação de multiplicadores da arte; Rodrigo Carvalho Silva (DF) discorreu sobre plataformas digitais de música e o Spiritify; Sílvio Sodré (DF) abordou sobre a criação de roteiros para clipes musicais espíritas; Ney Wedell (Québec /Canadá) comentou sobre a internacionalização da arte espírita brasileira; Malu Portela e Helton Gudin (SP) fizeram reflexões sobre a aplicação da arte e sua importância na evangelização infantil e na mocidade; Cláudio Marins (SP) tratou do papel do artista espírita – educador e terapeuta; Eneida Nalini (SP) trabalhou protagonistmo e arte; e Janice Assis e Ângela Assis (RS) contaram a experiência do EMUSE – Encontro de Arte Espírita de Santa Maria, envolvendo a participação da família. À noite, após o jantar, enquanto os associados reuniam-se na primeira parte da assembleia geral, os não associados puderam participar de várias oficinas técnicas, programação esta que se repetiu no sábado (2/6) pela manhã, até o meio-dia. No sábado à tarde, Guana Veras (PI) desenvolveu estudo e sensibilização a respeito do tema central, tratando do artista espírita e seu papel para um mundo melhor. Na sequência, ocorreu a transmissão de cidade sede do Fórum Nacional de Arte Espírita, de Curitiba para Teresina. O final de tarde de sábado foi marcado por um momento de profunda sensibilização e emoção. Foi quando os participantes, qual um cortejo, saíram do auditório e dirigiram-se ao bosque do Recanto, onde a natureza se expressa magistralmente, com portentosas araucárias em meio aos campos verdejantes. Em determinados pontos do trajeto, paradas estratégicas para reflexões em torno do papel do artista espírita, tendo por base a vida missionária de Francisco de Assis. O apogeu desta atividade ocorreu em pleno bosque, com uma técnica de sensibilização conduzida por Nei Wendell (CAN), que levou os participantes a momentos de muita emoção.

Encerramento

Após o jantar, o Fórum se encaminha para as últimas atividades. Inicialmente, a noite artística, em que subiram ao palco diversos grupos e artistas para apresentações dos mais variados estilos e sotaques, a começar pelo Coral Abrarte, formado por cantores de diversas partes do país. Em seguida vieram a banda Razão Áurea (PR), Clayton Prado (SP), Silvio Sodré (DF), Banda Kardec (DF), Grupo Änïmä (SP), Nina Lisboa (RJ), Grupo Eterna Lumo (PR), Grupo Oficina de Arte (GO), Tcherena Brasil (GO), Grupo de Dança do Instituto Arte & Vida (SP) acompanhado de Júnior Vidal (ES), Eneida Nalini (SP) e Alma Sonora (PR). As crianças que participaram do Forunzinho também tiveram a oportunidade de mostrar o seu trabalho nesse momento, quando cantaram uma música criada por elas próprias.

Após as apresentações, uma criativa técnica de teatro com luz negra relembrou a trajetória dos sucessivos fóruns que deram origem à Abrarte. A larva começou a rastejar, enclausurou-se em seu casulo e desabrochou na borboleta, à medida que o nome das cidades-sede foram sendo revelados. Todo esse momento teve por fundo musical a canção Crisálida, interpretada ao vivo por seu autor, Ariovaldo Filho (RJ). E para finalizar a noite e o próprio Fórum, uma apresentação teatral que chamou o artista à sua responsabilidade. Ao som de belíssimo tema musical que remeteu à época e a cidade de Assis, na Itália, com o canto de Lívia Ribeiro e acompanhamento de Felipe tocando alaúde, eis que surge em cena a figura de Francisco de Assis, interpretado por Alexandre Molinha, em um monólogo que sensibilizou e emocionou a todos.

Confira as fotos do evento no perfil da Abrate no Facebook. Para acessar, clique aqui.

Associados aprovam as contas e iniciam estudos da reforma do estatuto

Durante a assembleia geral de associados realizada na sexta-feira à noite e no sábado pela manhã, foram apresentados os relatórios da gestão e da tesouraria, referente ao período junho de 2017 a maio de 2018. A assembleia aprovou o parecer do Conselho Fiscal que sugeriu a aprovação das contas, mas fez uma ressalva. Na mesma assembleia iniciou-se a apresentação do trabalho elaborado pela comissão formada no ano passado, composta pelos associados Rogério Felisbino da Silva, Aparecida Ângela Sany da Silva e Rosângela Falcão de Mendonça, para a elaboração de proposta de reforma do estatuto da Abrarte. O assunto foi discutido intensamente, mas não foi possível a sua conclusão. Desta forma, a aprovação do novo estatuto fica adiada para a próxima assembleia geral.

Teresina sediará o Fórum no ano que vem e Brasília recebe o Enarte em 2020

Conforme anunciado ano passado, em Goiânia, a cidade de Teresina será a sede do 16º Fórum Nacional de Arte Espírita, que ocorrerá entre os dias 20 e 22 de junho de 2019. No último sábado, no encerramento do Fórum, em Curitiba, a comissão organizadora local de Teresina, liderada pelo associado Adelquis Monteiro, recebeu, simbolicamente do representante do Paraná, Marcus Azuma, através de um estandarte, a responsabilidade da organização do evento. Já o Fórum de 2020, que se realizará conjuntamente com o 3º Encontro Nacional de Arte Espírita, será realizado em Brasília. O anúncio já havia sido feito pelo presidente da Abrarte, Edmundo Cezar, no ano passado, no 14º Fórum, em Goiânia.

GAN e Marize Azeredo são homenageados

O Grupo Arte Nascente (GAN) e a coordenadora do projeto Lúcia Esperança, da Mocidade Espírita Legião do Bem (MELB), Marize Azeredo, de Belém, receberam, no dia 1º de junho, durante o Fórum de Curitiba, Moção de Reconhecimento da Abrarte pelos relevantes serviços prestados à arte espírita. O GAN completa no próximo dia 13 de agosto, 30 anos de trabalho artístico voltado para a valorização da vida, atuando de forma voluntária em escolas, empresas, eventos e instituições religiosas do Brasil e do exterior e influenciando a formação de outros grupos artísticos espíritas, tendo recebido em 2006 o reconhecimento da Assembleia Legislativa de Goiás com a certificação de utilidade pública estadual. Marize Azeredo, continuando o trabalho iniciado por seus pais, com a fundação, em 1950, da Mocidade Espírita Legião do Bem, segue à frente da instituição, coordenando o Projeto Lúcia Esperança, que utiliza a dança como ponto de partida para o atendimento social a mais de 300 famílias amparadas semestralmente. Divulgadora, com seu exemplo, das possibilidades da dança como instrumento pedagógico de reaprendizado do espírito, oferece a quase 500 crianças e jovens da periferia de Belém o ensino técnico-artístico e a oportunidade de conhecimento dos princípios do Cristo. Criada em 2014, a Moção Abrarte é uma ação de reconhecimento institucional que visa à valorização de artistas ou instituições espíritas que, pelo seu esforço contínuo, realizaram ou ainda realizam significativas ações de apoio e difusão da arte inspirada pelos princípios espíritas. Já foram contemplados com a homenagem Moacyr Camargo (2014), Instituto Arte e Vida (2015), Walter Oliveira Alves (2016) e Nazareno Tourinho (2017).

Por Rogério Felisbino da Silva

Confira o vídeo da Moção Abrarte 2018.

Publicidade

Os comentários estão desativados.